Os sistemas de lógica polivalente (ou multivalente) partem do princípio de que pode haver mais de dois valores de verdade; estes podem ser verdade, falsidade, e meia-verdade, ou mesmo diversos (finitos ou infinitos) graus de aproximação entre verdade e falsidade. Até aí, nada de espantoso; o mais interessante e difícil é de fato *construir* lógicas que operem dessa forma.
Pois bem,; dizem as mal-informadas línguas (ou copiam de quem diz) que Jan Lukasiewics teria "iniciado" o estudo das lógicas multivalentes ao tentar (com sucesso discutível) uma saída filosófica honrosa para o problema dos futuros contingentes de Aristóteles.
Fans de Charles Peirce, o "Aristóteles americano" (!!), clamam que sua lógica trivalente, anterior à de Lukasiewicz, teria sido o início do movimento multivalorado. Outros buscam tal origem em MacColl, Vasil'ev e Post, e até em Kleene.
Defendo, ao contrário, que quem de fato indicou o movimento na direçao dos valores de verdade como elementos reais, e não artifícios "ad hoc", foi Paul Bernays. No artigo
"Paul Bernays and the eve of non-standard models
in logic"
disponível em
http://dl.dropbox.com/u/6465890/Introducao%20aa%20Logica/On%20Paul%20Bernays.pdf
argumento que Bernays olhava os valores de verdade como elementos necessários a partir de suas provas de independência dos axiomas do Principia Mathematica de Whitehead e Russell. Bernays trabalhava na direção dos geômetras, que não "inventam" retas distorcidas para tentar resolver pendengas, mas chegam a elas quase que de forma necessária a partir da noção do que chamo de "espaço lógico", ou seja, de ampliar os horizontes para evidenciar propriedades antes invisíveis, como a independência do 5. Postulado de Euclides. Detalhes no artigo, que vai sair na Anthology on Non-Classical Logics (Birkhauser).
A briga com os devotos dos santos de plantão, notadamente de Peirce e Lukasiewicz, já está lançada...
sábado, 16 de abril de 2011
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